A história do operador de trânsito Waldir Wagner Bravo é muito parecida com a de muitos meninos brasileiros que moram na cidade de São Paulo: nasceu Londrina (PR), ema Abril de 1963, filho do pedreiro Álvaro Bravo e da empregada doméstica Lúcia Martins Bravo. Com 5 anos foi morar em uma casa simples, na Vila Guilherme, em São Paulo, onde seu pai decidira recomeçar a vida.
Na nova cidade, como a grande parte dos meninos, foi à luta: catou vidro, papelão, ferro velho e alumínio; colheu copos de leite para vendê-los no cemitério; aos domingos fazia carreto na feira; finalmente, aos 10 anos, conseguiu um emprego como ajudante em uma fábrica de vassouras. No
tempo vago fez curso de datilografia que lhe garantiu emprego melhor: aos 13, estava trabalhando como auxiliar de escritório na José & Matteucci Ltda.
Dois anos depois, passa pela peneira do São Paulo Futebol mas não consegue dar seqüência diante da responsabilidade em ajudar a mãe, já viúva, e as irmãs Virgínia e Zoraia.
Aos 20 anos passa no concurso para a Polícia Militar, e segue para Araçatuba, onde permanece cerca de seis meses, por conta do curso de formação. Volta à São Paulo e passa a trabalhar na Zona Leste da cidade.
Com a então namorada Francely decidem tocar um barzinho cedido pelos sogros. Assim, Wagner trabalha durante a noite na PM e de dia no bar.
Em 1986 casa-se com Francely e vêm os filhos: Waldir Jr, Ana Paula e Karoline.
Em 1989, o plano Collor obriga-o a vender o bar e a comprar um táxi a prestação. Em 1992 é aprovado no concurso da Companhia de Engenharia de Tráfego e pede exoneração da PM: então, trabalha pela manhã na CET e à tarde no táxi.
No ano de 1999 realiza o grande sonho: na favela do “Coruja”, na av. Guilherme, convida 10 meninos (de 7 a 10 anos) para aprender a jogar futebol no Centro da Coroa, clube localizado nas proximidades da favela.
No primeiro dia, às 14h, compareceram ao treino apenas 8 meninos. Intrigado, pergunta quantos estavam sem almoço.
Um deles respondeu que nem café da manhã havia tomado, e outros dois informaram não terem almoçado. Sensibilizado, promete que a partir daquele momento todos ganhariam um
lanche antes das atividades e que jamais lhes faltaria o que comer!
Diante da seriedade do trabalho vieram muitos voluntários e a escolinha foi crescendo; seis meses já eram 150 jovens, chamando a atenção do SPTV da Rede Globo, da Gazeta Esportiva, Rádio Tupi e outros órgãos da midia.
Junto com a esposa Francely e amigos fundou, em 1999, a Associação Cidadania Infantil, na Vila Guilherme, onde realizou vários eventos que tinham como objetivo proporcionar um espaço onde os jovens pudessem praticar esportes, dança e teatro.
Esse trabalho revelou vários jogadores que hoje estão no futebol profissional, como Pedro Geromel (Colônia, da Alemanha), Elias (Corinthians), David (Palmeiras), Andrezinho (São Caetano) e Beto (Bragantino), entre outros.
Em 1999 é eleito presidente do Grêmio CET, sendo reeleito em 2001. Nessa ocasião, funda uma escolinha de futebol para os filhos dos funcionários. No mesmo ano, é eleito Conselheiro de Representação dos Funcionários da CET.
Durante o período de 2001 e 2003, aos finais de semana, Wagner começa a treinar jovens coreanos, dentro de um espaço cedido por uma Igreja Evangélica, localizada no bairro da Aclimação.
Em 2005 é convidado para ser Coordenador de Esportes no Parque da Juventude, antigo presídio do Carandiru. Esse projeto assistia 600 crianças e adolescentes da comunidade.
Ainda em 2005 é eleito Conselheiro de Administração da CET e subsíndico de um dos maiores condomínios particulares de São Paulo, com 1700 famílias: Projeto Viver, no Belém, onde funda o Grêmio Projeto Viver Bem (2007), do qual é o atual presidente.